quarta-feira, 28 de março de 2007

Conselhos Fiscais e Jurisdicionais do CNE - Perfil de titulares/Necessidade de formação - Um estudo exploratório (Silvério da Conceição)

O título é longo e os apontamentos do autor são deliciosos, pelo rigor científico que aportam.

Sobre limites máximos de idade
Pelo que o autor conhece do CNE, muitos dirigentes
continuam ao serviço do CNE ao longo de toda a vida, contribuindo também para a realização pessoal como adulto.

Quanto mais velho, mais sábio. O autor deste post, que para já não quer ser mestre em coisa nenhuma, acha que o autor da comunicação se pode realizar pessoalmente como adulto ao serviço do CNE, não tem é que estar necessariamente num Conselho Fiscal e Jurisdicional. Ser bom não é incompatível com ser velho, mas ditas as coisas desta forma, parece que o cargo está ao serviço da pessoa e não o contrário.

Sobre habilitações
Embora um elevado número de inquiridos seja detentor de habilitação literária de nível superior, manifestam-se no entanto contrários à exigência de estudos superiores como condição prévia para a candidatura. Aliás, a tradição no CNE assenta no voluntariado dos seus membros, seja qual for a sua habilitação. A imposição de requisitos ao nível de habilitações poderia colidir com o espírito de voluntariado em vigor na associação. Não pode o autor deixar de referir que a acção do CNE desenvolve-se com base no voluntariado dos
seus adultos, que gratuitamente desempenham funções ao serviço da juventude portuguesa, independentemente das suas habilitações.


Quem não sabe, não mexe, seja por estar velho, por ter sido trolha toda a santa vidinha, ainda que possa ser óptimo a fazer justiça de pá e pica. O voluntariado ainda que seja gratuito não é compatível com a ausência de competências para o exercício de funções.

Sobre o tempo mínimo como Dirigente
Consideram os inquiridos ser importante a fixação de um tempo mínimo como Dirigente para a possibilidade de candidatura. Tal será o reconhecimento de que a experiência adquirida como Dirigente ao longo dos anos poderá ser relevante para o desempenho dos cargos.

O autor não diz nada, mas adianta que "O bom senso aconselhará a prática de funções dirigentes noutros cargos, de nível local, por exemplo, para melhor conhecer a realidade de base do CNE". Como subir escadas. Assume-se que não se pode chegar aos degraus de cima sem pisar os de baixo, ou seja, não se pode ser muito bom em pouco tempo. Nada mais errado, até porque estas funções têm que ver com o cumprimento de normas associativas. Sobrevaloriza-se a realidade de base, que é imensamente distinta de agrupamento a agrupamento.

Homologação pela Hierarquia da Igreja Católica
Respeitando as opiniões divergentes, o autor é no entanto partidário da necessidade da homologação prévia, pois considera que tal situação será um acréscimo de credibilidade para os respectivos órgãos, bem como uma maior responsabilização dos seus titulares perante a associação e a Igreja.

O autor deste post julga que a credibilidade e responsabilização não se consegue com homologação eclesiástica. Mais, é atribuído à hierarquia da Igreja Católica um poder excessivo ao conceder-lhe a homologação das listas para vários cargos electivos e como sabemos, ninguém fiscaliza a actividade da Conferência Episcopal Portuguesa. O anúncio da revelação não está na homologação de listas.

Aproveitamento em Curso Específico
Justiça em módulos de formação? Curso do Centro de Estudos Judiciários para Escuteiros? Solução para permitir a realização pessoal dos voluntários sem habilitações com mais de 50 anos? A ser feito, que inclua noções de direito, administração e gestão. E que tenha muitos contributos externos, que sempre nos fizeram falta.

A experiência do autor limitava-se ao conhecimento sectorial da Região do Algarve, onde tem desempenhado desde 1991 os cargos de Presidente do Conselho Fiscal e Jurisdicional Regional ou Chefe Regional.

Nem tudo corre mal. Este senhor tinha um mundo, teve ânsias de saber mais e conseguiu-o. Nada a dizer quanto ao método. Quanto ás opiniões pessoais (ou apenas menos objectivas) num estudo científico, questiono a premência ou pertinência à sua referência. Será pertinácia.

segunda-feira, 19 de março de 2007

Para que serve um blogue

Em resposta a todos aqueles que andam a tentar perceber para que serve este blogue, deixo apenas duas referências de uma referência (Carla Hilário Quevedo).

sábado, 17 de março de 2007

Escutismo católico e hibridismo congregacional

Sempre tive alguma apreensão em relação ás opções confessionais no âmbito do escutismo. Sendo católico, pratico escutismo católico por via da minha opção íntima e do meu contexto. Não tenho dúvidas que se nascesse na Turquia, seria muçulmano, já que a vontade dos meus paizinhos em ir contra a corrente nunca foi grande. Poderiam ter sido uns arrivistas, poderiam ter sido um casal sério e ter ensinado tudo o que sabem sobre métodos contraceptivos naturais e portanto mais falíveis que os outros todos. Também eu estou em pecado mortal por concordar que a minha mãezinha tivesse a inteligência de pedir que lhe laqueassem as trompas de falópio tempos depois de me parir. Portanto, para quem queira desde já parar de ler este texto, sou um católico desses que merecem pouca credibilidade, desses que discordam com o papa e votam na esquerdalha com posturas anti-clericais, que concorda que os crucifixos sejam removidos de todas as salas de aula, que apoia o fim do celibato dos padres e até sabe porquê. Não acredito nos milagres de Fátima, acho ridículo que os pastorinhos tenham resolvido atar-se para ajudar os meninos no terceiro mundo, abomino o catolicismo de círculo fechado, ermida e senhora que apareceu no monte. Esta multiplicidade esquizofrénica de manifestações de fé cria ruído, por isso devíamos ter menos virgens, santos, pagelas e capelas. Precisamos de mais vivência (já não digo resistência...) e menos insistência.

A região de Braga e a região do Porto do CNE decidiram convidar a Irmã Madeleine Bourcereau (e a segunda também convidou Bagão Félix, o maior pai de família português, que como todos sabemos é benfiquista, católico e amigo do CDS) para dissertar sobre escutismo católico e o centenário do escutismo. Ora, para quem gosta de falar de história e enquadrar as práticas escutistas, a oportunidade é interessante. Porque há um problema grave no estabelecimento de prioridades naquilo a que se chama escutismo católico. É preciso perceber se aquilo se faz é mais escutismo ou mais catolicismo. Exaltar as associações de escutismo católico como movimentos de evangelização é reduzi-las a um padrão unidimensional, mormente quando sabemos que amiúde, a qualidade da prática religiosa no seu seio é baixa, ligada essencialmente a rituais e não a vivências, associada a um sincretismo de que já falou o Padre Joaquim Nazaré, que segundo o meu ponto de vista é natural, dada a avalanche informativa que nos alveja. Essa avalanche, porém, não contribui para um maior conhecimento, mas promove a adesão baseada na ignorância. Ninguém pode partilhar de uma verdade que não conhece e só nesse sentido é que acho que o escutismo confessional faz sentido. A partilha de uma verdade.

A irmã Madeleine não concordará comigo, até porque quem publica um livro como este, sabe de certeza muito mais do que eu sobre o fundador dos Scouts de France (que escutismo católico é que ele fundou?). Mas ser jesuíta, admirador de Teresa de Ávila (sobre quem se fez um filme) e de Teresa de Lisieux, também chamada Teresinha do Menino Jesus (o que suscita certa sugestão pagela-capela), ser escuteiro e a intenção de juntar tudo isso numa congregação religiosa não pode ser associada à fundação dos Scout de France. Há que evitar unanimismos e separar águas. O escutismo confessional faz sentido, mas falta saber que contributo tem dado essa congregação religiosa para o desenvolvimento do escutismo católico, entender que sentido tem ela nos dias de hoje e mais do que isso, perceber por que motivo devemos dar mais atenção e destaque à Irmã Madeleine do que a outro religioso qualquer. Para que não nos encerremos mais uma vez no círculo fechado do costume.

sexta-feira, 9 de março de 2007

Paizinho, uma sede nova (Blogosfera Scout 4)

Confesso que acho normal que um mau político associe a prática escutista dos seus filhos à necessidade de uma nova sede para o respectivo agrupamento. Confesso até que gostava de saber quem é o Senhor Parreira, que deve ser uma pessoa muito importante.
O oportunismo de Francisco Braz Teixeira não fez tremer a regra da independência política, político-partidária ou partidária (ainda alguém me há-de explicar a diferença) do Movimento Escutista. Pronto, foi um grãozinho de pó dos devaneios de um portista, reconheça-se.
Um dia destes ainda explico porque é que nem todos os escuteiros são da direita fascisóide e até podem ser da esquerdalha radical, que é mesma coisa que a direita fascisóide, mas ao contrário.

terça-feira, 6 de março de 2007

Overdose de pastilhas para a tosse (Blogosfera Scout 3)

O explorador Luís Moacho (meu homónimo no antecendente) deve ser bom rapaz. Diz ele que:

Antes de vir para os escuteiros era egoísta, tímido e rebelde, mas graças ao escutismo já não sou nada disto. O escutismo fez-me muito bem, já não sei o que seria a minha vida sem escuteiros. Aconselho todos os jovens a experimentar o escutismo, por exemplo, metade da minha patrulha entrou este ano e estão a gostar.

Fica então provado que estes senhores têm razão para fazer isto.

Só experimentando muitas pastilhas para a tosse e com pouca vergonha é que se consegue publicar um épico destes. O chamado ridículo escutista. Embora o Luís Moacho não tivesse percebido que a ideia era descrever o papel dele como guia da patrulha, quem publicou o texto dele também parece não ter percebido.

Tesão de mijo (Blogosfera Scout 2)

Começo a pouca-vergonha, a devassa, o deboche. Mas eu até tenho mística no discurso. Ás vezes tenho tanta mística no discurso que discorro sobre expressões como esta do título, tão brejeira, tão pouco cortês, mas foi nestes termos que um dirigente (o X.) se referiu aos rapazes que lhe chegavam ao grupo à procura de gajas para lhes apalpar. Pronto, coisas da idade, dizia ele. O X. chegou a mandar um rapaz para casa por apalpar uma rapariga na camioneta. Se fosse na carreira para a escola, ainda era admissível. Contudo, o tesão de mijo define-se, não como o X. dizia, mas como uma erecção involuntária matinal, que acaba com a libertação das primeiras urinas da manhã.

Ora, o Centenário do Escutismo provocou um fenómeno semelhante na blogosfera. Este blogue que linca para este, este, este, este, este e este. O tesão de mijo, é por isso, um fenómeno grupal. Mais uns poucos aparecerão um dia destes.

O Scouts Portugueses nasceu antes de todos os anteriores, é um dado objectivo. Nem nasceu como resposta a nenhum pedido, nem nenhum concurso, nem sob a iniciativa de ninguém. A independência ás vezes dá jeito, depois de fazer xixi.