sábado, 18 de agosto de 2007

Polémica escutista

A página 9 do DN Verão de 27-07-2007 tem como título "Polémica escutista". Polémica essa que não é generalizável a todo o escutismo feito em Portugal, ao contrário do que o título pode querer apontar. Alexandra Carreira fez uma reportagem alusiva ás boas práticas, história e histórias do escutismo. Guarda as questões fracturantes para o fim. Questões que fracturam a sociedade e também as associações escutistas. Convém também referir que não sabemos quem é o citado nos tópicos desta página, embora as posições e conteúdo das suas palavras nos remetam claramente para Luís Lidington.

Interrupção da Gravidez

Da Conferência Episcopal Portuguesa dependem todas as posições oficiais do CNE. É natural, quando o Escutismo Católico Português é uma instituição da Igreja. Estranho é que o CNE, por via das suas estruturas hierárquicas, tenha tido intervenção pública aquando do referendo realizado há tempos em Portugal. Outras questões profundamente ligadas ao Movimento, à promoção da paz, à defesa do ambiente, da vida ao ar livre, das políticas de juventude, não despertam o mesmo tipo de interesse nessas estruturas. Serão menos importantes para as estruturas do que para a sociedade actual. Convicções, cada um tem as suas e por elas pode responder perante Deus. Discuti-las revela-se por vezes inútil.

Homossexualidade

"Se houver uma opção acentuada, para mim, a pessoas devia ser tratada por um médico e ser aconselhada a ter outro tipo de comportamento. Se algum jovem aparecer com algumas 'tendências', nós procuraremos orientá-lo."

Gosto de homens. Gosto acentuadamente de homens. Tenho amigos, gosto deles, é isso. Abraço-me a eles, apalpo-os, brincamos. Mas é com mulheres que sou feliz, é com elas que tenho relações sexuais. Sou dirigente do CNE. Isso não me faz 'orientável' por um médico, segundo Luís Lidington. Devia referir-se ás extravagâncias, drag-queens, saias e pinturas nos olhos. Tratamento médico a adolescentes com dúvidas nas opções sexuais é comédia. Formar dirigentes para aprender a administrar emoções e opções é uma posição mais séria.

Métodos contraceptivos

Luís Lidington revela-se. Um escuteiro do CNE pode fazer sexo responsável antes do casamento porque é bonito, mas o sacramento dá estabilidade. Logo, pode usar métodos contraceptivos, deduz-se.

Divórcio

Também aqui, o senhor Lidington acaba por revelar-se, reconhecendo que há divorciados no CNE. Contudo, sujeitar uma pessoa à autoridade de um bispo pode motivar o exercício de certa arbitrariedade. Condenar um divorciado à impossibilidade de viver maritalmente com alguém que não é o seu cônjuge pelo casamento católico para poder ser escuteiro é uma prova de amor. Pelo CNE ou pela pessoa de quem se gosta.

Com mais de 65000 associados, há no CNE muito espaço para discordar daquilo que o Chefe Nacional pensa. Felizmente.

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